As Últimas do Mensalão, MENSALÃO NÃO É FICÇÃO

O mensalão não é ficção

Ivan Santos - Jornalista

O ministro decano do STF, Celso de Melo, na última quarta-feira, ao votar pela condenação do ex-ministro José Dirceu, por corrupção ativa, disse que o STF estava “tratando de macrodelinquência governamental”. Classificou o Mensalão como “projeto criminoso de poder, engendrado, concebido e implementado a partir das mais altas instâncias governamentais e praticado pelos réus do processo, entre eles Dirceu e o ex-presidente do PT José Genoíno”. O jornal “O Estado de S. Paulo” publicou que o ex-presidente Lula, “em conversas reservadas, definiu a decisão (do STF) como “uma hipocrisia”. Pessoalmente, prefiro acreditar que o jornal se enganou ou o ex-chefe do Governo jamais fez a declaração cínica. Afinal de contas, o cidadão Luiz Inácio Lula da Silva, por oito anos, foi o supremo magistrado da nação e é respeitado como homem da história nacional. Ele sabe que qualquer afirmação que fizer tem repercussão no mundo. Sabe também que numa democracia, a Suprema Corte de Justiça representa um dos poderes do Estado e as decisões que tomar devem ser respeitadas por todos os brasileiros, especialmente por um ex-chefe do Estado e do Governo. O ministro Celso de Melo, ao julgar o processo do Mensalão, afirmou que os acusados montaram uma “grande organização criminosa que se constituiu à sombra do poder, formulando e implementando medidas ilícitas que tinham por finalidade a realização de um projeto de poder”. Estas palavras são sérias e sugerem, sobre elas, profunda meditação.

Sede de poder

Após ser condenado, o ex-todo-poderoso comandante do PT e articulador político do Governo, José Dirceu, disse, sem medo de ser feliz, que Mensalão não importa. “Importante é ganhar a eleição”. Esse tipo só enxerga o povo como massa de manobra para conquistar o poder e depois mandar e desmandar em benefício próprio ou do próprio grupo político.

Sem dúvida

Agora, não há mais dúvida sobre a existência do Mensalão. A maioria dos ministros do Supremo entendeu e decidiu que José Dirceu, José Genoíno, Delúbio Soares e o grupo do empresário Marcos Valério cometeram corrupção ativa ao esquematizar o desvio de recursos públicos que, misturados a empréstimos bancários fraudulentos, garantiram o Mensalão.

Sabedoria

Para o ministro Celso de Melo, o Mensalão representou “a falta de escrúpulos” e evidenciou “a avidez por poder – ação predatória exercida sobre os bons costumes – a arrogância, por estranho censo de impunidade, descumprimento do dever de agir – é comportamento desonesto no desempenho de atividades”. Palavras de um ministro da Suprema Corte de Justiça.