Processo contra Cachoeira arrasta julgamento do Mensalão
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, admitiu ontem, em Curitiba, que o processo de investigação do bicheiro Carlinhos Cachoeira seria um dos fatores que arrastam a revisão do caso Mensalão, que só depende de seu voto para ir a julgamento.
"Estou ocupado com muitas questões, como a relatoria do processo da CPI do Cachoeira, mas vou entregar o relatório (do mensalão) o mais breve possível", justificou o ministro, que participou, em Curitiba, do 3º Congresso Nacional sobre Direito Eleitoral.
Para contornar a agenda de trabalho abarrotada, Lewandowski afirma estar trabalhando "intensamente" nesse processo.
"A equipe do meu gabinete está praticamente toda dedicada a isso", ressaltou.
O temor dos especialistas é que o julgamento fique para o segundo semestre, coincidindo com as eleições municipais, que podem levar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a se envolver com o acúmulo de processos em função da Lei da Ficha Limpa.
A presidente do TSE, ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha, está pronta para votar o mensalão e também justificou o atraso no trâmite na Justiça.
"Para quem olha de fora, fica essa impressão (tramitação morosa), mas o ministro Joaquim (Barbosa) trabalhou enormemente", disse.
No congresso, que se encerrou neste sábado, o ex-presidente do STF, José Paulo Sepúlveda Pertence, pegou carona no arrastado processo do Mensalão em que Lewandowski já se mostrou avesso à pressão da sociedade e dos próprios colegas ministros.
"Não recuso jamais telefonemas de ministros do Supremo", brincou ele, durante mesa de debate sobre a Ficha Limpa. Segundo ele, o Brasil tem caminhado rumo a vitórias da democracia.
"A Lei da Ficha Limpa provará ser ou não um novo passo nesta caminhada", concluiu Sepúlveda.
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