Contra Exército, tráfico do Alemão usa campainha, rádio
terra-ar e código morse
Criminosos recorrem ao improviso e à criatividade nas
comunicações para fugir do cerco da Força de Pacificação
Para escapar do cerco do Exército, os traficantes do
Complexo do Alemão mesclam improviso e sofisticação na sua comunicação. Adotam
meios que variam de fogos de artifício e campainhas a rádios aeronáuticos
terra-ar – usados para contato com aeronaves – a fim de manter suas atividades
e evitar a repressão da Força de Pacificação.
Em entrevista ao iG, o general Tomás Miné Ribeiro Paiva
reconheceu que ainda há tráfico no local e que os ataques pontuais à tropa são
frequentes.
Os traficantes do Alemão apelam para a criatividade para se
comunicar. Na sexta-feira, a tropa apreendeu um dispositivo de campainha, feito
por um fio de cerca de 300 metros usado por olheiros para alertar criminosos da
presença da repressão. Estava escondido no beco 6, junto a um poste, na Vila
Cruzeiro.
Outra técnica engenhosa do Alemão, diferente de outras áreas
do Rio, é um arremedo de código Morse: mensagens são enviadas à distância, à
noite, pelo piscar de luzes.
O Exército, que ocupa a área desde novembro de 2010, já
mapeou essas comunicações e por vezes monitora conversas de traficantes pela
frequência dos rádios.
Só em fevereiro, com o aumento das patrulhas, os militares
apreenderam um rádio terra-ar, 16 rádios-transmissores usados por traficantes –
além de 7.000 papelotes de cocaína, cinco armas curtas (pistolas e revólveres),
quatro simulacros de fuzis (feitos de madeira), um carregador de fuzil com 18
cartuchos e um saco com cerca de 40 munições da arma longa.
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