Grupo comandava desvio de remédios de dentro da prisão
Doze pessoas foram presas na madrugada desta quinta-feira e pelo menos mais oito estão sendo investigadas. Prejuízo pode ultrapassar 10 milhões de reais
A organização criminosa responsável pelo desvio de medicamentos caros de hospitais públicos e particulares de São Paulo era comandada de dentro de um presídio por meio de telefonemas feitos de um celular, informou a Polícia Civil na tarde desta quinta-feira. Doze pessoas foram presas na operação conjunta da Corregedoria-Geral de Administração do estado e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público (MP-SP).
De acordo com as investigações, Stefano Mantovani, preso em 2009 por desvio de remédios roubados de postos de saúde e condenado a quatorze anos de detenção, continuava encabeçando a organização criminosa, que agora contava com servidores públicos para fazer os desvios dos medicamentos de dentro dos hospitais. Os remédios eram vendidos para distribuidoras, que os repassavam para clínicas e farmácias sem as notas fiscais.
A maioria dos remédios é usada para tratamento contra o câncer. O mais caro chega a custar 8 000 reais. Stefano Mantovani está detido no Centro de Detenção Provisória de Pinheiros, na zona oeste da capital paulista.
A quadrilha estava sendo investigada há seis meses, após denúncia feita contra a enfermeira Eliane Siqueira, servidora do Hospital Brigadeiro, na capital paulista, que foi flagrada pelas câmeras de segurança do hospital. Em São Paulo, o esquema também acontecia no Hospital Samaritano e no Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC). A quadrilha também tinha ramificações em São Caetano do Sul, Praia Grande, Itaquaquecetuba e no Rio de Janeiro.
De acordo com o delegado Anderson Giampaoli, um dos responsáveis pelas investigações, pode haver mais pessoas e empresas envolvidas e o prejuízo inicialmente estimado em 10 milhões de reais também pode vir a ser maior. “As investigações continuam. Há indícios da participação de pelo menos mais oito pessoas. Com certeza no futuro teremos novas prisões”, afirmou o delegado.
Além do prejuízo, outro motivo de preocupação é a falta de cuidado com o acondicionamento dos remédios, o que acabava oferecendo riscos aos pacientes que viessem a usá-los. “Esses medicamentos devem ser mantidos em refrigeração adequada, mas foram enviados pela quadrilha até pelo Correio”, afirmou o delegado. “É um problema de saúde pública, não só de criminalidade”.
Prisões e apreensões - Ao todo, foram cumpridos na Operação Medula Três doze mandados de prisão temporária e dezesseis mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça. Onze pessoas foram presas em São Paulo e uma no Rio de Janeiro. Também foram apreendidos 38 000 reais, veículos, uma motocicleta, telefones celulares e 1 milhão de reais em medicamentos que ainda seriam distribuídos.
De acordo com o MP, terá início agora o processo de denúncia dos acusados e de abertura de ação penal contra os envolvidos. Eles podem responder pelos crimes de formação de quadrilha, adulteração e revenda de medicamentos, corrupção passiva e receptação qualificada. As penas somadas podem chegar a quatorze anos de prisão.
A Corregedoria-Geral de Administração também pretende encaminhar um pedido de investigação na Controladoria Geral da União (CGU) contra a enfermeira flagrada nas imagens, pois, apesar de ser uma servidora federal, ela estava comissionada no Hospital Brigadeiro, de administração estadual. “Nós estamos tomando as providências para que ela sofra o processo punitivo, tendo como consequência a perda do cargo. Em relação a possíveis outros servidores que até o momento não foram identificados, a apuração seguirá”, afirmou o corregedor Gustavo Úngaro.
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