Cadê o bode?
Se faltava ao Brasil entrar para alguma lista dos “dez mais”, agora não mais: a tragédia da Região Serrana do Rio acaba de ser incluída pelo órgão da ONU que monitora catástrofes naturais entre os dez maiores deslizamentos de terra do planeta. Espera-se que o país organize uma comissão para receber o “prêmio” nas Nações Unidas (pode ser aquela mesma que esteve na Suíça, quando o Rio foi escolhido para sediar a Olimpíada de 2016).
A quem se deve responsabilizar, afinal, por este drama que parece não ter fim? O pessoal que se acostumou a tirar o seu da reta afirma que os grandes responsáveis são a chuva, os rios e as montanhas. Quando a Natureza se revolta e reúne este trio – afirmou um dos prefeitos – não há nada a fazer a não ser pedir dinheiro para reparar os estragos. Algumas pessoas atribuem a marca inédita aos pobres que cismam em construir suas casas nas encostas. É impressionante – acrescenta outro prefeito – como os pobres adoram viver perigosamente!
O governador Sergio Cabral declarou que não é hora de procurar por um bode expiatório. Mesmo porque encontrá-lo será mais difícil do que achar uma ararinha-azul. A essa altura, os bodes já foram soterrados por uma avalanche de versões que confundem os crédulos. Nessas circunstâncias, porém, não dá para deixar os bodes no acostamento da tragédia. Tem muita gente procurando por eles nas terras da União, nos pastos do estado, nas residências dos prefeitos e de antigos políticos da região. Também não falta quem olhe para o céu a ver se há algum bode escondido atrás desse batalhão de cúmulos-nimbos que sentou praça na serra. Dizem que um bode foi visto comendo capim na casa de um meteorologista.
O Instituto Nacional de Meteorologia, no entanto, assegura que passou o bode para o Sedec (Defesa Civil) tão logo tomou conhecimento da aproximação da chuvarada. O Sedec por sua vez declara que não ficou nem meia hora com o bode, enviando-o – via e-mail – para as prefeituras na linha de tiro de São Pedro. A partir daí ninguém mais soube onde o ruminante expiatório foi parar. Por via das dúvidas, o governo do estado e a prefeitura do Rio trataram de renovar às pressas o contrato com a médium Adelaide Scritori, que afirma ter o dom de controlar o tempo. Conclui-se então que, caso nossos governantes fossem mais previdentes e tivessem recorrido à médium antes da tragédia, a serra não estaria sangrando e o bode não andaria solto, por aí, à procura de um dono.
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