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Não fico de joelhos para manter ministério, diz Negromonte

13 de dezembro de 2011 • 13h44 • atualizado às 16h06

O ministro das Cidades, Mário Negromonte (PP), disse nesta terça-feira que, mesmo que não conte com apoio unânime do Partido Progressista para continuar como auxiliar da presidente Dilma Rousseff, não aceita "ficar de joelhos" para manter o posto de primeiro escalão na Esplanada dos Ministérios. Nos bastidores, Negromonte é apontado como nome a ser demitido na reforma ministerial prevista para janeiro.

Entre as denúncias que envolvem o ministro das Cidades está a de uma suposta fraude que teria respaldado tecnicamente em um acordo político que mudou um projeto de infraestrutura da Copa do Mundo de 2014, em Cuiabá (MT).

De acordo com reportagem do jornal O Estado de S. Paulo , um documento forjado pela diretora de Mobilidade Urbana da pasta, Luiza Gomide, teria adulterado o parecer técnico que vetava a mudança do projeto de mobilidade na capital mato-grossense. Com a suposta adulteração, os custos do projeto foram ampliados em R$ 700 milhões.

O tesoureiro do Partido Progressista, Leodegar Tiscoski, e outros executivos ligados à legenda também favoreceriam empreiteiras, no gabinete da pasta, liberando recursos para obras consideradas irregulares pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

"Eu não dou bola para isso pressão para deixar governo porque não tenho apego. Não tenho apego e não fico de joelho para ninguém por causa de cargo. Quando eu falo ninguém, é todo mundo. Sou parceiro, aliado, fiel, companheiro. Sempre defendi o governo Lula aqui como líder e a candidatura da presidente Dilma, eu fui o primeiro a defender", disse o ministro, que participou de reunião da Executiva Nacional do PP, na Câmara dos Deputados.

"Eu não estou preocupado em permanecer no governo. A presidente nunca me chamou para falar sobre isso permanência ou saída do cargo. Não estou preocupado com isso, se vou ficar ou se vou sair. Estou preocupado em exercer um bom trabalho, e isso estou fazendo. Eu não tenho apego a cargo. Cargos não me comovem", completou Negromonte.

"A questão de cargo depende dela e de mim. Se eu me sentir confortável, eu fico. Se eu não sentir, eu entrego. Estou confortável porque só tenho sinal positivo do Planalto. Gilberto Carvalho ministra da Secretaria-geral me liga, Ideli Salvatti, ministra de Relações Institucionais me liga, todos os ministros me ligam dando força. Sou o ministro provado e comprovado. Houve denúncias, tem alguma prova? São ilações, sem conteúdo, sem consistência, sem nada. Vocês não acham que a presidenta, do jeito que ela é, que não compactua com erro, vai admitir um ministro que errou? Claro que não. Isso aí é só guerra de fumaça", resumiu o representante do PP na Esplanada.

Para o ministro, atualmente apenas seis deputados de uma bancada de cerca de 40 seriam contra sua permanência na pasta das Cidades.

"Pode ter meia dúzia que não seja simpático a mim. Esse ministério é muito cobiçado. Tem divergência político-partidária? Tem. Tem gente de outro partido querendo, tem fogo-amigo lá dentro do ministério, tem outros partidos dentro do ministério", relatou.

Censura

Durante a reunião da Executiva Nacional pepista, o presidente nacional da legenda, Francisco Dornelles (PP-RJ), impediu que o Vilson Covatti (PP-RS) discutisse as denúncias que envolvem o ministro das Cidades.

"Vossa Excelência está quebrando a rotina e criando constrangimento para todos", resumiu o dirigente, que interrompeu o deputado e não autorizou que ele continuasse a comentar, ainda que em tom de defesa, as denúncias contra o ministro.